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O CAVALO DO VIZINHO Zarpar dali? Montar o cavalo do vizinho e correr pelas campinas? Rever as meninas? Ó que tempo doce! ... Sentindo saudades dos bolos assados sob as brasas. Ela com suas asas... ... A luz do mundo, o sal do mundo. O padre lhe dizendo coisas. - Pecaste pela castidade? - Que é isso padre? Que é castidade? ... Crescer... crescer e quantas decepções! Por que crescemos e da criança que fomos nos perdemos? Sempre a pergunta. ... E o amontoado de dias, as responsabilidades, as cidades, felicidades, infelicidades... Mil motivos para viver. Milhares de motivos para morrer. Por que, por que? Se a vida é um contínuo aprender... ... Tantos anos, tantos planos... frustrados. Tantos maus jeitos, maus feitos, defeitos! ... E os pontos de luzes? E as cruzes? E as abençoadas luzes? ... Nunca mais voltar aquele sítio. Nunca mais montar o cavalo do vizinho. Nunca mais sofrer. sonia delsin 
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O TOCAR DOS SINOS O sino badalava. Dezoito horas. Andorinhas festejavam em frente a igrejinha e Lola tristemente as olhava. Quantos anos ali naquela cidade e não se acostumara! Sentia saudades da cidade de onde viera. Sentia saudades do vilarejo onde fora criada. Saudades de um tempo perdido. ... E saudades de Mário. Ele se fora há mais de três anos. O que fazia ainda ali se somente se mudara para agradá-lo? Mário e seus pássaros exóticos, Mário e seus pincéis e tintas, Mário, o amor de sua vida. ... Lembrava-se dele dizendo: Lola, quando eu passar dessa para melhor volte à sua cidade querida. Não precisa mais ficar aqui. Ele fora enterrado ali e ela não queria se afastar de Mário. Mas ele já fora. Filhos não tiveram e os amigos se afastaram depois que enviuvara. Seriam apenas amigos de Mário? Ou nem eram amigos? Será que se afastaram por que perdera a alegria? Porque estava sempre cismando, sempre quieta. Reclamar era pior e então ia levando a vida. .
GOIABAS NO CESTO Andar pelo campo? Colher goiabas? E pensar... Clara! Clarinha! Por onde andas, menina? Ela gostava de correr livre, de ser livre, de não dar explicações. Os pais se preocupavam com aquela menina esquisita. Escrevia poesias na terra, vivia alheada. Era linda, mas tão diferente da irmã. ... E vieram os anos. Ela cresceu. Os cabelos no meio das costas, cabelos encaracolados, rebeldes. Bem como ela. Não parecia se adequar ao lar. Era mesmo muito diferente. Costumava voar... e voltar. ... -- Você se casará mesmo com este moço? -- Por que não? Gosto dele. -- Não é o rapaz certo para você. -- O que é certo para mim? ... Mas o casamento não se realizou. O rapaz sofreu um acidente fatal às vésperas do casamento. Gostava tanto dele. Ele entendia suas esquisitices. ... -- Nunca mais me interessarei por ninguém, papai. -- Tolice. Logo aparecerá alguém. -- Não é o que almejo para minha vida. -- O que pretende? -- Pretendo viver sozi
A NOIVA Ela vinha com um belo buquê de orquídeas na mão. Olhos deitados no chão. Vinha chorosa. O pai diria: triste Rosa. É, o nome dela era Rosa. ... Casar-se-ia. Chegara seu dia. Mas não era com alegria que o fazia. Fora obrigada a isso? Não fora. Simplesmente se deixara levar aos pés do altar. Sentindo-se solitária e vendo os anos chegarem aceitara o pedido. O pai vivia lhe repetindo: não faz sentido. Desiste Rosa. A mãe a aconselhando: o amor vem com os anos. Ela nem tinha planos. Deixara-se levar. ... No altar aquele homem a aguardava. Quase um estranho. Na verdade, era um completo estranho. Tinham trocados alguns beijos. Beijos frios, sem graça. A fala dele, o jeito dele, nada a agradava. Então por que deixara que as coisas chegassem a este ponto? Voltar atrás? Dizer que não queria mais? ... Rosa caminhava com dificuldade. Mais alguns passos e chegaria ao altar. Ia só. O pai na última hora desistira de acompanhá-la até o altar
O VASO Era um simples vaso? Meio trincando. Feio. Jogado. E ela o pegou. Para casa levou. Lavou. Nele uma folhagem plantou. Deixou-o ali num canto da varanda. Veio o vento. Derrubou. O vaso quebrou. Ela nem reclamou. Os cacos catou. ... Passaram-se os anos. A moça se transformou numa mulher solitária. Vivia do quarto à sala. Na cozinha ia pouco. Só o tempo de preparar uma refeição. A área de serviço ficava por conta da moça que vinha fazer a faxina semanalmente. Trazia sempre um livro à mão. Um dia pensou: vou contar daquele vaso que quebrou (era metida a escrever também).   Havia nele um certo encanto (no vaso). Por isso o peguei. E quis descrevê-lo. Mas como se na memória pouco ficara? Nem lembrava a cor do vaso. Os cacos talvez estivessem ainda nalgum canto do mundo. E ela gostaria de tê-los à vista para descrever o vaso. Que moça tola fora! Cheia de ilusões. Como as pessoas conseguem machucar os corações! O dela fora fatiado por